Ganda Ordinarice

Desabafo bem intencionado e imagético sobre o Salão Erótico de Lisboa.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Contos do Dick Hard - X

DICK HARD NO CASTELO DE BARBARELLA

VERSÃO A (para pseudo-intelectuais)


Bem na tua pele.
Até fazer corar a tua dor.

“As lâminas da alma sabem cortar fatias melancólicas da desesperança”

Disse Barbarella.

Bem na tua pele.
Até fazer corar a tua dor, Dick.
O que Hard cura.

Vou enfiar-te um dedo de vinil pelo ânus acima, Dick. E quero ouvir-te a suar de desejo, quero saber-te à mercê dos meus medos. Disse Barbarella. Ou não?

Tudo isto não passa de um sonho cruzado de Cronenberg e Lynch? Temperado por uma pitada de filosofia estanque à emoção? Ou foi o indomável marquês Donatien Alphonse que se sentou aos comandos do meu cérebro e se pôs a vomitar maldades pelas teclas de um Direct Acess Keyboard?

Chove nos cabelos roxos de Barbarella. Dick Hard está solidamente agrilhoado às paredes húmidas de um castelo em demanda do Santo Graal do Erotismo. E ouve-se ao longe um lobo que uiva “maladie d’amour chantait le coeur d’Emanuelle”.
E mil formigas com nervos de nylon deixam-se invadir pela sede do corpo e circulam livremente em Dick Hard. Entram pelo ouvido esquerdo, saem pela narina direita. Entram pela narina esquerda e saem pelo ouvido direito. E lambem de malícias um pénis hirto que se ergue à entrada de uma dama no salão escuro e viscoso, onde os candelabros sabem tremer de frio e as luzes se banqueteiam de mágoas com as sombras.

Boa-noite. O meu nome é Clarice Lispector. Tenho mesa reservada para duas.


Duas? Disse duas, Clarice?
Sim, a Dining Room do castelo de Barbarella tem mesas com anões robóticos em permanente erecção de eunucos de Marte.
E Clarice tem mesa reservada no castelo de Barbarella.

As palavras fazem sentido? Ou são apenas caudais, rios de lava orgânica em bacanal de sílabas?

“Sorry, Dave, I can’t do it”, disse Hal para Barbarella. E as naves dançaram ao som de Strauss, porque não sabiam dançar ao som de AC/DC.


INTERVALO
(pipocas, WC, um cigarro, essas merdas)


VERSÃO B (para os habituais leitores destas ordinarices)


Vou enfiar-te um dedo de vinil pelo ânus acima, Dick. E quero ouvir-te a suar de desejo, quero saber-te à mercê dos meus medos. Disse Barbarella. Ou não?

Olá, o meu nome é Dick Hard (Ou René). Ouçam muito cuidadosamente. Só vou dizer isto uma vez (Alô? Alô? Quem fala?). Estou aqui fechado no castelo da Barbarella porque o marido dela é um desconfiado dos colhões e foi lá ao meu escritório para eu lhe fazer uma vigilância. E eu, claro, desde que caia o guito, vamos lá embora.
E vá de sacar das máquinas digitais e dos microfodes vaginais. Depois foi só arrancar à papo-seco para o castelo da gaja. O pior é que me saíram ao caminho o Herr Flick e a Helga, que me deram com uma moca de Rio Maior no toutiço e me prenderam às paredes húmidas e viscosas do castelo da Barbarella.

Vou enfiar-te um dedo de vinil pelo ânus acima, Dick. E quero ouvir-te a suar de desejo, quero saber-te à mercê dos meus medos. Disse Barbarella. Ou não?


— Estás a sentir bem o meu dedo de vinil pelo teu ânus acima, miserável clown, cloaca dos meus amores?
— Ó D. Barbarella, não se importava de retirar o dedo, só por um bocadinho?
— Silêncio, verme! Helga, traga os caranguejos de Odemira!

(FODA-SE! NÃO, OS CARANGUEJOS DE ODEMIRA NÃO!)

Nota cultural: não faço ideia se existem caranguejos em Odemira, mas vamos admitir que sim, porque eu estou-me baldando para a coerência desta cena e já estou há muito tempo à frente do computador.
Ou seja, os caranguejos de Odemira são tendencialmente homossexuais e gostam de meter as patitas nas sardas dos detectives privados. São basicamente pequenos (entre 10 e 15 centímetros), apresentam uma tonalidade róseo-alaranjada e ejaculam rapidamente na época de desova.
Diz a lenda que tiveram um blog: www.crab-da-rocha.blogspot.crac.
Gostam de caviar, Moet et Sardon, trufas de girafa e alpista.
Recusam-se a ler “O código d’Avintes”, de Ian Green, e “Escarrador”, de Emanuel Rosa Tovarich.

(FODA-SE! NÃO, OS CARANGUEJOS DE ODEMIRA NÃO!)

— Helga, essas caranguejos de Odemira? São para hoje?
— É só um momento, Fraulein Barbarella. O Luís Graça parou um bocadinho para pensar.
— Não seja ridícula, Helga. O Luís Graça nunca pensa quando escreve contos para este blog.
— Mas, Fraulein, há quem diga que ele até revê os contos antes de os enviar para publicação.
— Isso são questões de princípio. O sonho de qualquer escritor é fechar todas as gralhas num gueto.

(Todas as gralhas estão fechadas num gueto. Todas? Não. Algmas gralhs resstem ada e sempre ao invasr)


Alô? Daqui fala o Asterix. Quem deu autorização para fazer uma piada comigo? Ahn? Quem deu? Continua a chupar, Obelix. Não me interessa que tenhas uma entrega de menires. Primeiro acabas o bico. É sempre a mesma merda, gordo!
Está? Exijo uma indemnização de dez javalis ou vinte sestércios. Caso contrário vens bater com os costados ao tribunal de Lutécia. Por Belenos! Que nem ginger rogers!

Vou enfiar-te um dedo de vinil pelo ânus acima, Dick. E quero ouvir-te a suar de desejo, quero saber-te à mercê dos meus medos. Disse Barbarella. Ou não?

— Pronto, Fraulein Barbarella. Aqui estão os caranguejos de Odemira. Comprei à dúzia, que era mais barato.
— Not so fast, Helga. Fraulein Barbarella precisa de saber que os caranguejos de Odemira só podem comer sarda de detective depois da sesta e nunca começam a trabalhar sem um cantar alentejano.
— Mas...Herr Flick…
— Shut up, Helga. You stupid woman!

(Já sei que era ‘boca’ do René para a Edith, mas eu faço o que me apetece nos meus contos. São amigos do Herr Flick, por acaso? Prò carvalho, seus palhaços!)


(OH! NÃO! OS CARANGUEJOS DE ODEMIRA NÃO!)

— Ó não, os caranguejos de Odemira! (disse Dick Hard)
— Ó yes, com batatas (disse Barbarella)

Helga puxou os ‘boxers’ com bonequinhos de Dick Hard e enfiou-lhe dentro dos calções um par de caranguejos de Odemira, que iniciaram um curioso bailado.

— Ó Maneli, primêro a gente dá uma tenazadita na piruca do Dicki Hardi e dipois vamos beberi um tintinho da casa ali a um amigo que ê tênho perto da Lapa...
— Tá combinado, compadri. Atãoi, se o compadri queri, na sou ê que vou dizeri que nã...porra!

Passados vinte segundos com os caranguejos de Odemira, Dick Hard pediu clemência a Barbarella:
— Por favor. Eu faço tudo o que fôr preciso.
— OK. Helga, tire-lhe os caranguejos da pichota. It’s minete time! My time for minete!

(É TEMPO DE MINETE. VOCÊ, QUE É UMA MULHER MODERNA, O QUE FAZ DURANTE UM MINETE? OLHA PARA AS PAREDES? PARA OS QUADROS? PARA O TECTO? GEME? AGORA, VOCÊ TEM OPORTUNIDADE DE SABER DO MUNDO ENQUANTO A CHUPAM. “TIME”, A REVISTA PARA QUEM GOSTA DE MINETE. É TEMPO DE MINETE. É TEMPO DE ‘TIME’).

(Frize, deixem falhar o Patorras!)

E a língua a suar frio de Dick peregrinou os lábios vaginais de Barbarella com o desânimo dos vencidos.

— Então, senhor Hard? Isso é que é lamber? (disse Barbarella)

(Formidável estalo foi prodigalizado nas fuças ranhosas de Dick Hard)

— Helga, venha mostrar ao senhor Hard como se lambe!
— Ya, Fraulein Barbarella. Com todo o gosto!

E Helga (na realidade a actriz Kim Hartman. Não fazemos ideia das suas preferências sexuais. Mas marchava) despiu o seu casaquinho à nazi, ficou de cinto-de-ligas a bater a pala à tesão de Dick Hard, ajoelhou-se no lajedo (habituado ao putedo) do castelo e meteu a sua língua sábia de fufices na racha eroticamente imaculada de Barbarella.
Barbarella desfazia-se de orgasmos múltiplos (esta semana há jackpot) e vibrava de elogios a Helga, enquanto Herr Flick se masturbava furiosamente com as luvas de cabedal preto e esbofeteava Dick Hard, ainda e sempre preso à parede.
— Vou-me vir todo para cima do teu peito, Dick Hard. E quando as gotas de sémen secarem, vais ficar com pingos em forma de cruz suástica a escorrerem-te pela barriga abaixo. O meu suor cheira a Hitler, porco português!
— Vai-te lixar, ó Flick! (disse Dick Hard, que levou um pontapé nos colhões no mesmo instante, para desespero dos caranguejos de Odemira)

(— Atão, Maneli? Estã maltratando a nossa comida? Na querem lá veri?..
— Dêxa. Inda nos hã-de vir pedire pra chupari nas pachachas...)

Nessa altura, Long John Silver entrou no castelo de Barbarella, a mamar numa garrafa de rum. Tinha um papagaio branquinho no ombro:
— Oh!Yeah, Baby. Give it to me, baby!

MARTINI, BABY?

Yes, please. Com uma casquinha de limão.

Acaba assim?
Pois. Nem me apetecia escrever.
Nota-se?


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