Ganda Ordinarice

Desabafo bem intencionado e imagético sobre o Salão Erótico de Lisboa.

sábado, agosto 25, 2007

Contos do Dick Hard - XII

DICK HARD ENFERMEIRO DE NOITE

“Nunca ninguém me tratou tão bem como você”, disse ela.
Bem, a história pode ser curta ou comprida. É como o tamanho de um sardão. E se no caso do sardão a gente não pode fazer nada, no que toca às histórias temos a obrigação de seleccionar a versão mais adequada ao eleitorado, que dizer, aos leitores.
Tudo começou na tarde em que começou.
Estava um calor infernal, mas nas histórias policiais com estilo é mesmo assim que o clima se deve comportar. Ou está um calor do caraças (talvez seja de Los Angeles) ou chove a cântaros (talvez seja da arqueologia).
Bem, estava um calor do caraças e eu estava sentado na minha cadeiras de molas “Range Range”, com as pernas esticadas em cima da mesa. Sei que não sou americano, mas detective que se preze tem de saber assumir uma postura descuidada. Aquilo que os americanos designam por “sloppy”. Ou coisa que o valha.
Bem, “to make a long story short” (ou shot, no caso de tiro ou cálice de tequilla), posso dizer que estava a ouvir a barba a crescer com o ritmo do Chevy Corvette branco da Marie-Claude Beaumont no Autódromo do Estoril em 1972 (capotou, mas saiu ilesa). Olhava pela janela. Na rua não se passava nada, tirando os habituais homicídios, violações e os grupos de adeptos do Benfica a festejar o título, após um período de considerável hibernação desportivo-categórica.
Ainda pensei em ter uma porta a sério no escritório, mas depois que desculpa tinha para ser um detective fracassado a nível profissional, sexual, afectivo, familiar e outros que são bem mais importantes?
Por isso mesmo, tinha mandado vir pela Internet uma daquelas portas à detective, com vidro fosco enrugado, que deixam apenas vislumbrar um corpo a cair pesadamente em soalhos tão sujos de sangue que até dão nome a um particular tom de vermelho: vermelho-soalho-de-detective.
E pintado a preto: “Dick Hard, investigações com dignidade. Fazemos descontos a grupos”.

A Velma estava de folga, provavelmente a mamar nos margalhos, que era a actividade favorita da Velma, segundo ela me contava. Eu já tinha tentado que ela me bafejasse com os seus talentos labiais, mas a Velma insistia em explicar-me que broche e patrão são duas palavras que não se dão bem. Por isso, nos dias em que a Velma estava bem disposta, limitava-me a ir-lhe ao pacote com subtileza, até que era a própria Velma que me espicaçava o amor-próprio: “Mais hard, Dick, que até cura mais que o dick do senhor cura”.
E eu dava-lhe com alma e hardor. Depois, deixava-me cair para cima da cadeira, puxava as calças, desapertava o nó da gravata (um calor de “Body Heat”, com o William Hurt a perguntar ‘Ei, lady, do you wanna fuck?’) e dizia para a Velma:
— Baby, chega aqui a garrafa da ginjinha, OK?
E a Velma trazia a garrafa da ginjinha, com elas.
(Devia ser ‘bourbon’, mas é preciso não perder de vista um certo patriotismo alcoólico).

Bem, foda-se, vamos lá avançar com o caralho da história, para falar bem e depressa.

(Esta linguagem seria verdadeiramente necessária à compreensão da narrativa? Deixamos à consideração dos leitores e dos espíritos dos críticos literários)

A Velma estava de folga, a mamar nos sardões ou lá o que é isso (provavelmente, também podia estar a fazer malha ou a jogar bowling no Vasco da Gama), mas antes de sair tinha metido aquele fabuloso par de mamas dentro do gabinete e sibilado com aquela vozinha de “carneirinho fode-me”:
— Não te esqueças que tens uma cliente às seis da tarde...
Eu grunhi uma resposta qualquer, do tipo:
— Ahn? O quê? Qual cliente?

Bem, como a Velma não me explicou correctamente quem vinha ao escritório às seis da tarde, não achei que fosse necessário tirar os recortes de jornal de cima da mesa cheia de cascas de amendoim, tampouco pôr as latas de cerveja no caixote do lixo. Ou mesmo fazer a barba.
Pelas 18 horas, ou seis da tarde, aqui a doutrina divide-se, apareceu-me no escritório a cliente.

Eu estava à espera de uma sessentona com cara de cavalo, chamada Camila Páscoa Bolhas, a encomendar-me uma vigilância ao seu mais-que-tudo Carlos. Ou coisa assim. Saiu tudo ao contrário.
A menina Anastácia Turim-Velho era uma russa de boas famílias, que tinha perdido os pais num mini-massacre conduzido (sem carta) por um gajo chanfrado que dava pelo nome de Carlos Mansão.
Anastácia tinha 27 anos e uns olhos verdes de fazer inveja a uma mamba verde, temperada por Pisang Ambong e com uma pitadinha da relva pisada por Hector Yazalde, imediatamente após a marcação do seu 46º golo, na época sagrada de 73/74.
O caso era este: um SMS anónimo tinha alertado a menina Anastácia para a possibilidade do massacre ter sido estimulado por uma enfermeira de nome Florência Melro.O massacre já tinha acontecido há uns bons cinco anos, mas há coisas que ainda dão comichão no coração passados cinco anos.
A menina Anastácia não olhava a despesas. Era o que fosse preciso. Mas queria saber, veementemente, se Florência Melro tinha algo a ver com o assassinato dos seus pais.
— Já pensou em falar com o Carlos Mansão? --- perguntei, só para ver se sabia a resposta.
— Já, mas ele fugiu da Quinta das Celebridades e anda a monte no Alentejo.
Bem, dados os dados da situação, só havia uma solução.
(É português foleiro, mas é de propósito)


***************

Florência Melro trabalhava na Clínica Vincent Lorre, que ficava perto da Praça de Londres.
Arranjei uma bata branca e uns ténis da mesma cor. Depois mandei fazer uma plaquinha com o nome “A.Silva”, para não dar nas vistas. E desbronquei-me a uma daquelas notas roxas, de 500 euricos. O Salustiano (um gajo que eu conhecia da moinice e das noites, nos tempos em que o Salustiano se afinfava nos prazeres, antes de se ter convertido às boas causas e ter abandonado as boas conas) cheirou a nota, riu-se com os dentes todos e disse-me:
— Bem, ó compincha, já sabes que a bomboka vai estourar mais tarde ou mais cedo. E estou desconfiado que vai ser mais cedo. Até perceberem que não és mesmo enfermeiro tens aí umas 12 horas, que é o tempo das mudanças de turno, do blá-blá-blá e das análises da situação. Estás a morder o esquema, ó magano?

— Estou. Não gastes a nota toda em Superbock Stout.
— Man, quem é que te disse que eu gostava de pretas?

E o Salustiano desapareceu da minha vida pela esquerda baixa. Para trás ficava um almoço no Tavares Rico (fazia parte do acordo, eu só comi uma salada, para poupar). O Salustiano tinha-me elaborado um dossier completo com os pacientes da clínica e tinha-me facilitado a vida ao máximo. Disse lá no estaminé que eu era um amigo dos tempos do Ultramar e que o substituía por dois dias. O Salustiano era mesmo um enfermeiro verdadeiro.
Se tudo corresse bem, ao segundo dia eu já contava estar no escritório, com a Velma em cima de mim, aos saltos, a arfar como uma secretária de detective verdadeira.
Entrei na clínica e uma gaja fatelosa olhou-me de alto a baixo e perguntou-me com bons modos:
— O senhor é que é o senhor enfermeiro Silva que vem substituir o senhor enfermeiro Salustiano?
Disse que sim à gaja, mas nem me dei ao trabalho de sorrir. A mula era feia como os trovões e estou desconfiado que nem gostava de sexo. Muito provavelmente, nem os dedos das próprias mãos ela deixava que lhe mexessem no marisco.
Ainda por cima a gaja cheirava a “Bien-Être”, lembrando-me uma ex-namorada que me tinha posto os palitos com um chefe de esquadra que eu tinha encornado sem saber. A vida dá mais voltas que o circuito de Nurburgring, antes da cosmética alcatroada.
Bem, por volta das 20 horas fui medir a temperatura aos pacientes.O meu plano era simples. Media a temperatura, deitava uma rabiscadela às papeletas, fazia a conversa da treta (“Qual quê, quando der por isso está a comer sardinhas em Alfama”, “Não, minha senhora, não vai nada morrer, isso não é nada, está em boas mãos”, “Isso não lhe posso dizer. Mas amanhã o senhor fala com o doutor e ele explica-lhe tudo direitinho, está bem?”) e depois ia ao cubículo da enfermeira-chefe e adormecia a Florência Melro com um niquinho de clorofode-as.
Levava a gaja para um prédio em ruínas das redondezas, dava-lhe uns estalos, sacava a informação e pronto. Claro que um homem tinha de se precaver. Mas não há nada como umas polaróides comprometedoras para calar uma enfermeira. Tipo Florência com a minha sarda entesada a tocar-lhe nos lábios, de mamas à mostra. Está bem que ficava com os olhos fechados, mas naquelas circunstâncias até seria normal.

Não estava a ver que a gaja se quisesse desbroncar com uma identificação cá do Dick Hard (no caso ‘A.Silva’, enfermeiro diplomado) ou se atrevesse a coisas mais tipo desporto radical, como chumbo na focinheira ou naifita entre as costelas.
Isto era o plano A. Mas o abecedário dos imprevistos por vezes mete-nos à frente do nariz o plano K e nós nem sabemos se existe K no abecedário cá do burgo.
Já eram umas 20 e 30 e tudo tinha corrido nos trinques nas três primeiras camas. Mas ao quarto quarto (4º quarto, já estão a perceber melhor agora, foda-se?) o vento mudou e ela não voltou.
Nem queria acreditar no que vi quando entrei no quarto. Uma fabulosa mulher dos seus 28/30 anos, ruiva, de cabelo curto, olhos azuis de huskyzinha do Alaska (ai que lasca!) estava nua da cintura para baixo, com os lençóis para trás.
Eu bem bati com os meus viris nós dos dedos na porta, mas ela estava com os auscultadores do “walkman” a tapar-lhe os ouvidos. O raio da chavala era um bocado atrevida. Se calhar queria mesmo ser apanhada com uma cenoura dentro da grutita.
Não vi grande inconveniente. Afinal, ela já tinha tirado o apêndice e no dia seguinte tinha alta. Bem, se calhar até nem se deve meter cenouras na pachacha num pós-operatório de “adeus, ó apêndice”, mas nestas coisas o A.Silva sabia tanto como o Dick Hard.
E antes que o A.Silva tivesse podido dizer algo, já a chavala abria os olhos, dava com o Dick Hard à frente dela, de bata branca, e desatava a fazer-me propostas que um enfermeiro de noite a sério tinha por obrigação deontológica recusar:
— Vá, senhor enfermeiro, ajude!
E para que não restasse qualquer tipo de dúvidas, abriu a boquita e pôs-se a fazer movimentos muito rápidos com a língua, à colibri assanhado, do estilo “é mesmo minete que eu quero, cavalheiro”. E olhou para baixo, para que não restassem mesmo equívocos nenhuns.
Fiquei a pensar naquilo por três segundos. Que diabo, segundo os preços da clínica (O Salustiano tinha-me dito que os preços até tiravam a saúde só de olhar para a factura, mesmo que se tivesse recuperado bem), uma miúda gira tinha direito aos seus 15 minutos de glória:

— Tire lá a cenourinha, está bem?
— Não, a cenourinha fica a entrar e sair. Trabalhe lá como deve ser no meu botãozinho secreto. Só lhe pedi uma lição de línguas em matéria específica...
Bem, para que é que servem os enfermeiros, se não ajudarem no pós-operatório?
Palavra de honra! A coisa dela sabia a compota de cereja! Pode ser?
Podia. Olhei de esguelha para o tabuleiro do jantar e vi a caixinha redonda da compota de cereja toda aberta e vazia. E só depois percebi que o diacho da chavala tinha usado a compota de cereja como lubrificante.
De modos que eu estava para ali a comer cona de cenoura com travo de cereja. Partindo do princípio que lamber clítoris conta como comer cona.

(Questão académica: se um gajo só lamber o clítoris é considerado minete? E se meter os dedos na vulva já é punheta ou continua a ser minete? E se meter a língua tipo pénis, dentro e fora, sem lamber, é punheta ou minete?)

E estava eu nestes preparos há uns 20 minutos (“Ai, senhor enfermeiro, nunca ninguém me tratou tão bem como você”), a gaja a gemer como uma baleia a responder a um inquérito sobre a poluição nos oceanos, levo com um SLÓIIINNNGGG nos cornos que apaguei a luz em menos de nada, passando, sem preencher papelada, para a secção de desmaios urgentes.
Na altura não percebi nada, só apaguei.
Foi três dias mais tarde, depois do bobó que a Velma teve a amabilidade de finalmente me fazer no escritório (doentinho tem direito a miminhos) que eu soube das coisas, por soma de elementos e porque o meu amigo Zé Gomes (um detective que me deve alguns fervores) me contou tudo.

— O que apurei pelos meus ‘informas’ foi o seguinte: a gaja ruiva estava feita com a Florência e nem sequer tinha sido operada. A Florência desconfiou da cena do Salustiano

(que apareceu a boiar no Tejo, a propósito)

a cena do Salustiano, dizia eu, e orquestrou a noite de forma a tirar-te do caminho. A ruiva, que se chama na realidade Carolina Fialho de Almeida e é uma matadora profissional, já trabalha com a Florência há uns três anos. Ou melhor, trabalhava. Foram as gajas que gamaram um quadro famoso do Louvre.
A Florência era mesmo enfermeira, mas exercia o crime em parte-time. A gaja andou na escola com a Anastácia e foram as duas amantes no liceu. Mas depois a coisa acabou, porque a Anastácia começou a fazer minetes à balda, sem nenhuma consideração pelos orgasmos da Florência, ao que parece. E passados uns anos a Florência, só pela maldade, resolveu mandar-lhe os pais para os anjinhos. E picou um chanfrado dos cornos chamado Carlos Mansão, para lhe executar o trabalhinho sujo.
Agora, a Anastácia recebeu um SMS anónimo de uma gaja que também tinha levado com os pés da Florência e se quis vingar. E depois a Florência foi ter contigo. O resto já sabes.
— Ó Zé, agora as coisas começam a fazer sentido.

(E se não fizessem, problema dos leitores. Já vou na segunda volta do CD duplo da Aretha Franklin e apetece-me ir tomar o chazinho e ler os jornais)

— E muita sorte tiveste tu, Dick. Podes agradecer à Anastácia, que resolveu seguir-te. Ela viu a Florência a sair da clínica, mais a ruiva. Quando elas estavam à brocha para meter um saco grande no porta-bagagens do jipe, a Anastácia somou dois mais dois, rapou de um gelado Magnum e enfiou o pauzinho pelas goelas abaixo da Florência, que morreu asfixiada no maior sofrimento. Depois sacou da Magnum e enfiou uma bala mesmo no meio da testa da ruiva, que cheirava a compota de cereja e ficou a encher-se de formigas nas traseiras do parque de estacionamento, onde elas tinham o jipe.


***************


No dia seguinte, na clínica Vincent Lorre, conversa entre duas empregadas da limpeza originárias da Damaia:
— Ontem foi um dia mesmo esquisito.
— Foi, Genoveva?
— Foi. Eu ia a passar no corredor, de noite, com os baldes e o desinfectante e ouvi gemidos no 321.
— Alguém que se estava a sentir mal...
— Estava era a sentir-se bem. Fui espreitar, porque pensei como tu, que era alguém a sentir-se mal. Bem, estava um enfermeiro a lamber a rata a uma senhora que tinha sido operada ao apêndice.
— O que é que fizeste?
— Primeiro, fiquei a espreitar um bocadinho. Depois, fui à sala das enfermeiras, para chamar alguém. Só lá estava a Florência, que disse que não se devia interromper, porque podia provocar traumas.
— E depois?
— Olha, voltei para a entrada do quarto e fiquei a espreitar. Mas a senhora operada estava a gemer muito e o enfermeiro (que eu não reconheci) nunca mais acabava.Eu é que não tenho essa sorte com o meu marido! Só a mim. É lavar e esfregar para levar para casa ao fim do mês meia-dúzia de euros...
— Deixa lá isso! Acaba lá de contar...
— Ih!Ih!Ih!…olha, o gajo não parava de lamber, ela não parava de gemer e eu comecei a ficar mesmo no ponto. Saí do corredor e fui para a casa de banho. Lavei muito bem o desentupidor e pus-me a chupar o meu clítoris com ele. E depois fiquei a esfregar com o dedo e meti o cabo dentro da cona. Ai, filha, já não me vinha assim desde a noite de Ano Novo, com o meu cunhado.
— E depois?
— Depois ouvi assim uma coisa tipo BÓING, estilo bandeja a cair. Mas era um som abafado. E depois ouvi a voz da Florência a dizer: “Ajuda, puxa desse lado. Temos pouco tempo”. Se não foi isto, foi parecido.
— E depois?
— Depois, saí da casa de banho e fui espreitar ao quarto. Mas já não estava lá ninguém. Achei estranho. Resolvi ir à rua fumar um cigarro e tinha vista para o parque de estacionamento. E ouvi outra vez a voz da Florência. Ia a carregar um grande saco com outra pessoa. Acabei de fumar o cigarro e voltei para dentro. Aí uns três minutos depois ouvi um barulho, tipo tiro ou escape de mota.
— E depois?
— Depois, o estranho é que a Florência hoje não veio trabalhar e ninguém sabe da senhora que foi operada ao apêndice. Nem sequer de um enfermeiro novo, que era para substituir o Salustiano por dois dias.
— Telefona ao Salustiano.
— Já telefonei. Ele não atende. Vai logo para as mensagens e ouve-se um barulho tipo aquário. Tudo isto é muito estranho.
— Hmmm. O que achas que pode ser?
— Provavelmente um conto do Dick Hard. Provavelmente os melhores contos do mundo (fresquinhos).



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4 Comentários:

  • Às 9:00 da manhã , Blogger Geraldes Lino disse...

    E vão doze. 'Tás cá com uma pedalada na ficção porno, que até já fazes sombra ao Bocaccio.

     
  • Às 6:32 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

    Nao 'tou nada, pá! Isto já foi tudo escrito antes do primeiro Salão Erótico de Lisboa, em 2005. Agora vê lá...

    Até ando muito sossegado. Não escrevo uma peça de teatro há quatro anos, não escrevo um livro de contos há três, não escrevo um romance "típico" há uns cinco, se considerarmos que o "Fado, futebol e farpas" é um híbrido.

    Eu só o considero romance porque não é novela, não é poesia, não é um diário, não é um guião de cinema.

    Recentemente, escrevi muitos exercícios de teatro no workshop do José Sanchis Sinisterra, a poesia vai-me saindo sempre e escrevi onze crónicas para o "Cidades Crónicas" e uma para "Os meus livros".

    Mas agradeço a distinção de me comparares com o senhor referido.

    Ainda agora, lá em Portimão, vieram uns gajos elogiar-me os contos do Dick Hard. Concretamente o da final da Taça UEFA. Tinham gostado muito do final.

    Como eu já tinha dito a várias pessoas, estes contos do Dick Hard foram uma "promessa" feita à "Gerência" de um blogue em que fiz a cobertura do primeiro Salão Erótico de Lisboa.

    São uma brincadeira. Um exercício de estilo. Mas é óbvio que até a brincar a minha escrita é um caso muito sério. Com os génios é assim.

    Não tenho culpa. No sexo é a mesma coisa.
    Eu a querer sair da cama (há sempre montes de coisas para fazer) e elas:

    --- Vá lá. Só mais uma. Já há tanto tempo que não estávamos juntos...

    --- Ó filha, sabes como é. Tenho uma agenda muito sobrecarregada.

    (Não devia ter posto a colecção dos álbuns do Corto Maltese por cima dela. Agora, para consultar o que tenho de fazer amanhã, não consigo tirar a agenda sem que caiam, pela menos, "A fábula de Veneza", "A casa Dourada de Samarcanda" e "Corto Maltese contra Geraldes Lino, uma aventura na Sibéria".

     
  • Às 5:26 da manhã , Blogger Geraldes Lino disse...

    Boa, méne. Essa de meteres a agenda por baixo duma catrefa de álbuns do alter-ego do Hugo Pratt, é mesmo de génio. Também na arrumação caótica o és, digo eu. Mas, aqui entre nós, eu sou o último a poder falar. Vá lá, o penúltimo.

     
  • Às 7:02 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

    Pá, eu até sou organizado, como tu. O nosso problema é a falta de espaço. O amor às memórias e à cultura faz-nos querer ter tudo guardado. Isso é louvável.

    Eu até acho que as nossas casas é que deviam aparecer na revista do SOL.

    "Geraldes Lino a espreitar por cima de uma pilha do fanzine Eros. Na foto da página anterior, um enorme monte do fanzine da Tertúlia BD de Lisboa, com destaque para o número de Molto Portoghese".

    Uma notícia de que vais gostar: já temos grupinho para a ida a Santa Cruz, com a companhia feminina que imaginas e desejas.

    (Eia! O pessoal todo do blogue a imaginar cenas tórridas!)

     

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