Ganda Ordinarice

Desabafo bem intencionado e imagético sobre o Salão Erótico de Lisboa.

domingo, fevereiro 11, 2007

Somália
























Nunca comi
nunca comi uma mulher
nunca comi uma mulher boa
nunca comi a Sharon Stone

Boa

Boa merda
nunca comi
nunca comi uma boa
nunca comi uma boa mulher
nunca comi Madre Teresa de Calcutá

Bóia

Nunca comi uma jibóia
nunca comi
nunca comi uma gaja boa
nunca engajei
uma boa gaja

Haja saúde!


Dick Hard



Este é mais um poema que acabou por não entrar em 'De boas erecções está o Inferno cheio'. Foi declamado na Casa Fernando Pessoa, num encontro de jovens poetas promovido pela 'Locomotiva Azul'. Na sequência de um diálogo com a então directora da casa, Manuela Júdice, ficou decidido editar uma série de postais com poemas dos participantes. Eu nem pensei mais no assunto. Escolhi o 'Somália'. Os postais foram editados e o "Somália" era um best-seller. Entretanto, estou de férias em Braga e morre a Madre Teresa de Calcutá. Para não causar embaraços à Casa Fernando Pessoa, disponibilizei-me para fazer sair de cena o postal. E assim aconteceu.

Pornografia cavalar




Acabou o primeiro módulo do workshop teatral com José Sanchis Sinistierra. O grupo de trabalho faz um almoço final na Casa do Alentejo. Acompanho a tradutora ao seu carro. Despeço-me.
Dirijo-me a casa. Passo à porta de uma sex-shop. Entro.
Visito-a com o ar tranquilo de quem passa revista às tropas. Ainda meio-zonzo de uma semana a dormir três horas por noite, dá-me para comprar um filme de zoofilia. Um filme com cavalos. Para fazer um post no Ganda Ordinarice.

Venho para casa ver o filme. Bloco de apontamentos na mão, caneta em punho. Depois de ver o filme, penso: mas para que é que eu me meto nisto? Depois penso mais ainda: agora já está. Sendo assim, o melhor é avançar mesmo com o post, para não deixar as coisas a meio.

“Os cavalos também se comem...”. Este é o inspirador título do filme. Diz na capa do DVD que é o volume 1 de “King of Animal”.
Começa o filme. Uma loura vai formosa pela verdura. Vai formosa e não segura. Não faço ideia se o nome dela é Leonor.
Pára. Estende uma manta no chão. Olha para o sol. Deita-se. Tira a saia.
Com 1 minuto e 33 segundos de filme o cavalo resfolega pela primeira vez.
A loura tira o top. Com 1 minuto e 48 segundos de filme está em nu integral.
Com 2 minutos e 24 segundos de filme começa a masturbar-se.
Suspense digno de Alfred Hitchcock: há três cavalos em fundo. Qual deles será a vítima da loura? Ou ela tomará a sábia decisão de proceder a uma geral à moda de Ascott ou Aintree?

Aos 7 minutos e 59 segundos nota-se que o cavalo revela uma certa agitação mangalhal. Em cena entra um dildo de cor rosa. A loura faz render o peixe. Começa por lamber o dildo. Se fosse comigo, também preferia lamber o dildo em vez do mangalho do cavalo.
Aos 8 minutos e 58 o dildo entra em acção.
Não se ouve o vento a assobiar nas gruas, mas sim na verdura.
O cavalo tem uma pinta rosa a meio da sarda. Deve ser para condizer com a cor do dildo.

A loura não tira o relógio do pulso, como o romano que se esqueceu de tão insignificante pormenor na cena da corrida de quadrigas do “Ben-Hur”.
Aos 21 minutos o cavalo revela a sua impaciência. Lá vai a menina na sua direcção. Som de arreios. Começa por fazer festas no dorso do cavalo. Os preliminares são importantes. Palmadinhas para acalmar o bicho. Um coice de um cavalo não é nada agradável.
Aos 22 minutos e 27 segundos pega no grosso aríete do equídeo e principia a masturbá-lo, sequência a que se segue o princípio de uma felação a 90 graus, sem introdução do cavalar mangalho na cavidade bocal, por manifesta impossibilidade ou falta de brio profissional.

Aos 24 minutos aparece um figurante a agarrar o cavalo, cumprindo a missão com insignificante rotina e de forma neutral. A loura lambe com jeitinho. Mas isto não acaba? Ganda seca.
Aos 28 minutos começa por engolir, mas só um bocadinho. É óbvio que não estamos em presença de uma grande produção.
Aos 39 minutos e 58 segundos roça-se à canzana.
Aos 40 minutos o cavalo ejacula, leva umas palmadinhas estilo “good boy, toma lá quadrado de açúcar”.
Aos 41 minutos e 48 segundos, um plano em contraluz.
Aos 59 minutos e 32 segundos, para culminar a sua fabulosa actuação, a menina loura mija.

A vida custa. Longe vão os anos em que Mister Ed brilhava; longe vão os anos em que Silver, o cavalo de Zorro (que não era Tonto), se empinava como o “cavallino rampante” da Ferrari; menos longe está o “Sea Biscuit”, o cavalo que brilhou nas “tracks” estado-unidenses e teve direito a longa-metragem de se lhe tirar o chapéu.

Quem quiser uma artigalhada deste tipo, mas com cães, pode dar um pulinho a www.sexonanoite.blogspot.com. O último post é assim do estilo. Palavra de honra que foi coincidência. Entre os dois posts existem centenas de dias de diferença.




O que vale é que saí da sex-shop com “Tenerife” (Férias sexuais), um filme do conceituado Alessandro Del Mar, com a conceituada Silvia Saint, já conhecida dos nossos leitores; e com “Natal Sexy”, dirigido pela antiga estrela porno Anita Rinaldi, protagonista principal em “Citizen Shame”, uma paródia porno ao filme de Orson Welles.

Rosebud...

domingo, fevereiro 04, 2007

O teu sexo chamava-se Cadbury

























O teu sexo chamava-se Cadbury
por isso cheirava a hortelã-pimenta
à saída de um banho de espuma

Quando a minha língua inventava ralis de serpente
nas areias do deserto, a tua gruta de penugens avulsas
abria-se ao Mundo num ritual contemplativo de prazer

Ali as babas de Ali Babá se disfarçavam de baba de camelo
e a tua pele era tesouro de rubis
fundidos num desejo insano derretido

E quando gemias a tua voz sabia a morangos com chantilly
e o meu nariz era como um falo de Bergérac
a esgrimir fogosidades de Cyrano

Sei que não me levas a mal
o gesto irreflectido de ter comido
o teu sexo todo de uma vez

Não resisti
como poderia resistir
quando o teu sexo se chamava Cadbury?

In “Antologia de Poesia Erótica,coordenação de Paulo Brito e Abreu, Universitária Editora, 1ª edição 1999, prefácio de José Fernando Tavares”.

Este poema foi declamado, entre outros locais, no Teatro Ibérico,num espectáculo intitulado “Como o diabo gosta”. E agora dedico-o à grande Mademoiselle Tomcalova. Espero que gostes, Silvia. Afinal, eu sou um “buzzer” do teu top.

Ah! Ganda Sílvia!













A história é esta: aqui o Ganda Ordinário estava no Clube de Vídeo Arco-Íris no final do anos 80. Andou por lá a peregrinar as prateleiras do porno e deu com uma VHS que dizia assim: “Les obstacles de l’amour”. Ou então aquilo estava em português mas eu agora estou a olhar para o DVD.
Era da colecção Gaia Private. Não sei se tem alguma coisa a ver com Vinho do Porto ou Luís Filipe Menezes. Se tiver também não há crise, que a mãe dele confessou numa entrevista ao “Independente” que ele andava nas meninas.

Vim para casa ver o filme e dou com uma cena em que uma loirinha, que eu nunca tinha visto mais magra, tem uma cena de sexo anal na casa de banho que é de se lhe erguer uma erecção de homenagem.
Uma coisa mesmo a sério, desde a maravilhosa lingerie azul ao olhar da menina. Na capa da cassette só dizia Silvie. E nem era ela o destaque da capa.

Hoje sei que a menina é a grande Silvia Saint, que não tem nada de santinha. Olho para o Ganda Ordinarice e reparo que ele foi falado no site oficial dela. E que é um dos “buzzers” do Top-10. Como não sabia o que era isto, fui ao dicionário e descobri que queria dizer “cigarra”.

Fiquei na mesma, mas estou muito orgulhoso. Se o Ganda Ordinarice é citado no site da Silvia Saint (e faz parte do top-ten) é sinal de que estou no caminho certo.

Obrigado, ó Silvia Tomcalova!
(é o nome verdadeiro dela)

Clicar aqui.