Ganda Ordinarice

Desabafo bem intencionado e imagético sobre o Salão Erótico de Lisboa.

terça-feira, outubro 30, 2007

A Lei do Desespero e a Lei da Tranquilidade

Vou deixar de escrever posts para o Ganda Ordinarice. Quer isto dizer que o blogue se finou? Muito pelo contrário, é apenas um princípio. Este espaço electrónico fica aberto aos meus amigos. Exijo apenas que seja RESERVADO O DIREITO DE ADMISSÃO.

Até aqui, havia apenas dois colaboradores/postadores: Álvaro e Frick Bang. E no último caso com apenas um poema dedicado a Sonia Baby, já que a fase de maior actividade prevista (o Salão Erótico de Lisboa) coincidiu com problemas de saúde deste meu amigo.

A partir de agora, o Ganda Ordinarice pode mesmo ficar aberto a outros amigos que queiram manter viva a chama do blogue. Com uma condição: a minha aprovação. Sabendo-se que respeito intransigentemente o conceito absoluto da liberdade de expressão e que me vou “separar” deste meu “caso de sedução”, exijo controlar quem entra. Por isso conto com os amigos que me ajudaram a gerir o blogue até hoje: não deixem entrar ninguém sem eu aprovar.

O reforço mais recente é um belo reforço: JOÃO SALEMA (Repórter Digital) que já viu publicados dois posts com o seu trabalho. Mal ele queira e se cumpram as formalidades para que ele possa e deseje postar, entrarão em linha os cinco posts restantes que eu ainda escrevi sobre o FICEB 2007, com fotos dele. Questão de justiça, gratidão e mais-valia para o blogue.

O blogue será o que eles quiserem.

Português, escritor, 45 anos. É verdade que não sou o Bernardo Santareno, mas isto começa hoje por ser rigorosamente verdade. Estou a escrever o post no domingo anterior a esta quarta-feira de aniversário, mas é certo que só o lerão na quarta-feira, se calhar depois ou antes da Noite de Halloween (31 de Outubro). Estarei eu no Palco do Teatro Bocage, na avant-première do meu espectáculo “De boas erecções está o Inferno cheio, stand up show”, armado em diabinho, provocando a assistência e dizendo as maiores obscenidades. No final, lançarei o meu décimo título em edição de autor. Neste estatuto, o quinto consecutivo desde Maio de 2006. E espero bem que o último, porque o dinheiro está mesmo a entrar na recta final.




Posto isto, quais os motivos da minha desistência?
Tentarei ser o mais claro possível, porque estou a escrever praticamente com duas “directas” em cima, a tratar de coisas do espectáculo. A cabeça roda, tenho a magnífica Laura Fygi nos auscultadores, em voz alta, para ver se consigo manter uma certa coerência.

Fácil: a conjugação da Lei do Desespero com a Lei da Tranquilidade. O desespero de ver os amigos completamente esgotados com a sua vida e ainda a sofrer à conta de me ajudarem no blogue, com algumas noitadas muito violentas. Deixar de escrever para o blogue corersponde à minha Lei da Tranquilidade: já não sofrerei mais por os ver sofrer, a postarem as minhas coisas, “esfarrapando-se” todos, enquanto se debatem com problemas bastante graves nas suas vidas, nalguns casos. E noutros, muito simplesmente abdicando, em nome da amizade, de um merecido descanso, após uma semana ou um dia de trabalho.

O meu filme é este: sempre escrevi. A escrita é uma paixão que se sobrepõe a tudo e não precisa nada de blogues para se afirmar. Nem de livros publicados. O que tiver de escrever, escrevo. “Não se preocupe com isso. Vai ver: o que o tiver de sair, sai mesmo” disse-me o magnífico autor de “O que diz Molero”, que de resto teve a amabilidade de me oferecer após a entrevista que efectuei para a “Gazeta dos Desportos”. O senhor Diniz Machado, grande escritor, homem bom, um cúmplice da vida e desta cidade tão linda que é Lisboa, cada vez a ficar mais feia no seu tráfego humano que polui as almas.

Mas um livro publicado é das coisas que mais sentido fazem no meu mundo. Um livro meu ou de qualquer outra pessoa. É a nossa forma de podermos continuar a comunicar com o mundo depois de mortos.

O Ganda Ordinarice começou por uma brincadeira que só deu gozo (ler primeiro Editorial). Neste momento já é uma grave fonte de problemas. Iniciei-me nele apenas pelo gozo de publicar fotos. A fotografia é uma das minhas enormes paixões e sinto-me orgulhoso por ter conseguido postar as fotos que postei, sendo um perfeito ignorante em termos de fotografia e dispondo de material completamente amador e...analógico.





(Interrompi aqui o texto durante uns tempos. A partir de agora estamos na madrugada de segunda para terça-feira, 30 de Outubro. São 4 horas e 36 minutos. Estive a tratar de coisas relacionadas com o meu espectáculo. Estou a ouvir Laura Fyji, “I love you for sentimental reasons”)


A minha eterna gratidão a todos os que me ajudaram com os blogues. Mas não pensem que esta é uma atitude emocional. É muito pensada. Muito obrigado ao Álvaro, por me tentar dissuadir de forma fraterna, desinteressada e dedicada. Às vezes, de cabeça quente, fazemos coisas de que nos arrependemos. Mas o Álvaro percebeu que esta é uma atitude que vai trazer tranquilidade a muita gente. A começar por mim.

Há tanta coisa para ler e reler neste blogue. E tanta coisa que pode vir a ser postada pelos amigos que vão “transportar a bandeira”. Estarei solidário com eles. Até em tribunal, se tiver de ser. Mas é óbvio que eles serão os principais responsáveis pelo que escreverem e publicarem. Isso não passará por mim.

Quer dizer, o Ganda Ordinarice não é já o blogue do Luís Graça. Foi o blogue do Luís Graça. Agora é o blogue dos amigos do Luís Graça e será muito visitado pelo Luís Graça, que o colocará na sua lista de favoritos. E andará pela caixa de comentários conforme o seu estado de espírito.

Portanto, não adianta fazerem abaixo-assinados para que isto continue. Agradeço a quem me disser palavras simpáticas, mas não garanto que vá responder. Pois se o meu objectivo é não perder tanto tempo em blogues e não o fazer perder aos amigos...

Já não suporto os complexos de culpa judaico-cristãos. Estar todo “partido” e andar nos links do Ganda Ordinarice com a “obrigação” de postar comentários nos blogues dos amigos, para que não se sintam sós. Por gratidão para com pessoas que já me deram muito e vão continuar a dar muito. Mas não posso continuar a atravessar as madrugadas na Net, a ver nascer o dia e a preparar a próxima sessão de insónias.





Tenho montanhas de amigos, com montanhas de blogues. Se deixei de escrever no meu, passo a ter autoridade moral para visitar menos os dos outros.
Não tem lógica nenhuma ter um blogue se não dominarmos minimamente a capacidade de postar. Não tenho “scanner”, não tenho jeito para computadores, não tenho espaço no quarto. E não tenho necessidade nenhuma de escrever para blogues.

O esforço para garantir visitantes fez-me sentir prostituído. Foi um acto de desespero. A que se deve esta Lei do Desespero? Ao facto de não conseguir ganhar dinheiro nenhum como jornalista, argumentista, dramaturgo, poeta ou escritor.

(Aos que quiserem embirrar e dizer que tanto o dramaturgo como o poeta são escritores, faço um pedido: auto-insultem-se de forma veemente, por obséquio. Estilo: “Vão para o trabalho”).

Houve coisas que me marcaram muito negativamente no blogue. A frieza com que pessoas que tinha por amigas me pediram para as retirar da lista com o mailing das actualizações. Algumas por engano, outras por cansaço. O problema é a forma como o fizeram.

Não posso aceitar que uma colega da Comunidade de Leitores (que conhecia o meu espírito subversivo) tenha acabado o mail desta forma: “O seu blogue é nojento. Estamos conversados?”. E rematou com a inicial do seu nome e o apelido por extenso, para acentuar o corte.
Qual a lógica de me ter pedido para fazer o elogio fúnebre de um amigo seu de há 30 anos, da primeira Comunidade de Leitores da Culturgest? Ela agradeceu-me. A família agradeceu-me. Eu despedi-me do Fernando Alves Serra de alma leve.
E essa mesma pessoa (que me recebeu muito bem em sua casa, há 7 anos) resolve chamar nojento a um blogue no dia em que publico um post sobre a tentativa de qualificação olímpica de Portugal na modalidade de hóquei em campo?
Fiz das tripas coração para lhe responder amigavelmente, tentando separar o escritor obsceno da pessoa. Pura e simplesmente não me respondeu. Há algo de muito errado com os blogues, quando destroem amizades.







Há algo de muito certo com os blogues, quando constroem amizades.
A situação é esta: não preciso de blogues para construir amizades. Faço amigos a cada esquina. Como ontem, quando dei 40 euros a uma jovem puta, para ir comprar medicamentos para o filho.
Ingénuo, eu? Não era verdade? Eu acho que era. Tenho muitos quilómetros de voltas ao Técnico (www.sexonanoite.blogspot.com) para aprender a distinguir as mentiras das putas.

Mas sou falível.

Numa coisa não vou falhar: não voltarei atrás com a minha palavra. Percebam isto: esta despedida é o meu bilhete para o descanso. Precisamente por levar a minha palavra muito a sério é que estou a salvo. Querem continuar a ler-me? Leiam o Sexo na Noite. Todas as semanas há um post novo. E é só “corta e cola” para os amigos. Vejam-me a jogar pingue-pongue em “O prazer da mesa”. Se gostam de ténis de mesa, têm lá os links que interessam.

Estão a descobrir-me agora? Leiam o “15 desatinónimos para Fernando Pessoa”, integralmente publicado no blogue. Leiam os contos do Dick Hard no Ganda Ordinarice. Esses contos não vão conseguir comprar em livro, porque a tiragem é tão reduzida que ele nem vai chegar às livrarias.

Disse um padre do Opus Dei em 1978: “Acho que o bicho Luís não é um mau bicho”.

Bem, modéstia à parte, no meio de tanto filho da puta, até sou um gajo meiguinho. Mas gosto de pornografia, futebol e comezainas, como disse uma vez o Carlos Guerreiro num espectáculo dos Gaiteiros de Lisboa no Largo de S.Paulo, nas festas da cidade.
No tempo em que ainda havia dinheiro.

Eu já não tenho mais dinheiro para gastar com o blogue. Está na hora de ser ordinário de forma profissional. Querem ver-me, divertir-se comigo, conhecer-me, agredir-me, bater-me uma punheta (factual ou simbólica) ? Vão ao Teatro Bocage nas quintas-feiras de Novembro.





A partir daí não respondo por mim. Cumpridos os espectáculos, pode dar-me uma travadinha e emigrar para Ponferrada; posso agarrar no dinheiro que me resta e ir até Vigo. Fazer uma greve de fome na marina, até ter boleia para as Ilhas Cies, que agora já estão fechadas ao público.
Posso passar 24 horas seguidas no Monte Atalaia, na Venda do Pinheiro, a pensar na vida.

Mas o mais provável é que me resigne com a minha falta de mercado laboral e estoire o dinheiro que me resta no que verdadeiramente é importante: ajudar os amigos, comprar livros e CD, ir ao cinema, jogar ténis de mesa no Inatel, jogar snooker no Snooker Clube.
Por aí.

Agora sim, estamos conversados. Mas eu digo isto com toda a amizade. Desde Julho de 2006 escreveram-me coisas muito bonitas neste blogue. E disseram-me outras muito cruéis.

Tenham piedade da minha úlcera duodenal. Vão à vossa vida. Eu vou à minha.

Ainda tenho muito para escrever. Mas não tem de ser em blogues.

Abraços aos rapazes, beijinhos às meninas.

E assim aconteceu.

terça-feira, outubro 23, 2007

MANA A MANA




















(Fotos de JOÃO SALEMA/REPÓRTER DIGITAL, em Barcelona)


Todas as mulheres são um bocadinho irmãs umas das outras. Mas umas são mais irmãs que outras. E não estamos a fazer um trocadilho barato com freiras.
Falamos de um certo conceito de fraternidade feminina.
Por isso mesmo é que os homens se pelam por cenas lésbicas.
A nível subsconsciente, é como se houvesse uma voz bem intencionada a recordar-lhes que o mundo podia ser muito melhor se houvesse todos os dias muito amor entre as mulheres.


Ao ponto de não precisarem do amor dos homens.
Evoco aqui o filme de Terence Young (“As amazonas”) que vi no defunto Avis, com a classificação de não aconselhável a menores de 18 anos, o que queria dizer que um puto de 13 anos podia assistir, desde que acompanhado por pais ou tutores. O “Rollerball” vi no S.Jorge, com a minha avó materna.

Mas estamos a desviar-nos deste simpático palco do Salão de Barcelona, onde decorreu uma cena de amor entre mulheres, ao mesmo tempo que Sonia Baby se exibia a alguns metros de distância.
Em Lisboa as coisas também aconteceram. Mas é diferente. Em Barcelona a coisa processa-se a um nível mais...à Barcelona. Afinal, quem é que tem o Ronaldinho, o Deco, o Messi?

Em Barcelona há bandos de amigas adolescentes, que riem, saltam, mexem e falam catalão à brava. Depois, quando uma delas é “pescada” para cima de um palco, é uma festa, uma glória, uma honra. São os momentos Kodak, para mais tarde recordar.
Não interessa mesmo se uma menina catalã adolescente é uma perfeita heterossexual. O tempo é de esquecer. É tempo de sorrisos. É tempo de deixar que a porno star lamba a barriga, é tempo de permitir que as suas mãos deitem por terra o soutien preto, que acariciem os seios, que ela pegue nas mãos de uma adolescente e as cole aos seus seios.

Dez minutos de glória. Depois, a descida do palco, até à terra.

É o Salão de Barcelona. O Salão dos sorrisos, das loucuras. Barcelona é a cidade de Gaudi, do clube que tem hóquei em patins e hóquei no gelo. A cidade que fica bem de noite nos filmes de Pedro Almodovar.

domingo, outubro 21, 2007

O Computador do Futuro

Fiz este trabalho para um concurso de uma revista de informática para o tema o Computador do Futuro em que se pedia para o desenhar e descrever.

Saiu isto:

Têm de ampliar p.f. senão não vêem um chifre.


E para espanto meu, não ganhou!!!
Incultos...

Me site

sábado, outubro 20, 2007

Dick Hard Cultural Tour, Fall 2007




Ou em português corrente: “A digressão cultural de Dick Hard no Outono de 2007”.
Saída de Lisboa numa tarde de quinta-feira. Das Avenidas Novas até à estação de Santa Apolónia, de táxi. Depois, Alfa Pendular até ao Porto/Campanhã (a este propósito, ler a próxima crónica — edição de Novembro — da ‘Caldeirada de Letras’, a rubrica mensal de Luís Graça na revista literária ‘Os meus livros’).
Táxi até à Boavista.

Noitada com amigos em Matosinhos, até às 5 da manhã.
Sexta-feira de manhã, um pouco de natação e sauna no Holmes Place da Boavista. Pelas 17 horas, toque a reunir nos Aliados. Boleia para os “Dias da Criação”, na Casa da Eira, Vilar, Boticas, Trás-os-Montes.
Fim-de-semana alucinante em Trás-os-Montes.

Domingo à tarde, boleia com amigos. Primeiro, regresso ao Porto, para deixar um portuense. Depois, seguiu-se para bingo. Noite passada em Baiona (Galiza).
Segunda, a meio da manhã, viagem até Ponferrada (Léon).
Segunda, terça e quarta em Ponferrada.

Quarta de tarde, autobus da Alsa de Ponferrada até Vigo. Dormida em Vigo. Quinta pelas 16 horas, autobus de Vigo até ao Porto. E comboio do Porto até Lisboa.

Dormida em Lisboa de quinta para sexta. Boleia de Rui Unas, na sexta, pelas 19h45m, do Parque das Nações, até Beja, para o Festival do Amor.

Permanência de três noites em Beja.
Segunda, pelas 13h10m, regresso a Lisboa, de comboio, com escala em Casa Branca.

Terça-feira, pelas 19h30m, ocupação de posto frontal à TV, para espreitar o Dínamo de Kiev—Sporting em plena Tertúlia BD de Lisboa, no Parque Mayer, restaurante “A Gina”.



Capítulo I: Os Dias da Criação

A ideia começou a germinar quando li a notícia no blogue Incomunidade.
Era demasiado aliciante. A cultura como pretexto para reencontrar os amigos. Desde logo, o Alberto Augusto Miranda, a “alma mater” do encontro, a par do Hermínio, garboso anfitrião na Casa da Eira.

O convívio começou nos Aliados, no Porto. Tive o prazer de conhecer pessoalmente o Paulo (da In Libris), o nosso condutor. Empatia muito rápida.
Primeira parte da viagem passada na conversa com Alexandre Teixeira Mendes, no banco de trás. O resto do “Bando dos Cinco” ia no banco da frente: Nuno Rebocho (por estas horas já em Cabo Verde), o ‘driver’ Paulo e Aurelino Costa.
Aurelino Costa

A paragem na estação de serviço deu origem a uma alteração táctica. Alexandre Teixeira Mendes foi para o banco da frente, Aurelino Costa passou do primeiro banco para o terceiro banco. Fiquei só no segundo.
A seguir, o encantamento algo narcísico de ouvir o Aurelino a declamar os meus poemas do “De boas erecções está o Inferno cheio”. E a emoção de sentir a comunicação. Aprender mais sobre a nossa poesia, ouvindo outro a dizê-la. Saltitando entre a brejeirice obscena ou detendo-se nos poemas líricos.

Dormida em Boticas.
Sábado de manhã a chegada à Casa da Eira, para o encontro. O intercâmbio entre as línguas: português, castelhano, galego. Sem esquecer o Amadeu Ferreira e a expressão muito própria do mirandês.
Um prazer enorme ouvir a sua comunicação. Dar e receber livros. Amadeu reconheceu-me de um encontro da Guilherme Cossoul, em Lisboa. Fiquei a saber que o “Astérix, o gaulês” tinha esgotado na sessão de lançamento, na versão mirandesa.


Outro enorme prazer: ouvir o Amílcar a dizer Mário-Henrique Leiria e os seus “Contos do Gin Tónico”.



Apresentou-me a um amigo, belo declamador: Fernando Soares.
Toma lá com mais uma dose de “Erecções”, já que há interesse nas ditas.

Tantos prazeres: as máscaras/esculturas do Gerardo, as fotos pelas paredes, no meio das árvores de fruto, os livros à solta, as palavras a amarinhar pelas montanhas transmontanas. Os dias luminosos, as noites frescas. Os cães a ladrar, muito ao longe.

No auditório de Boticas houve de tudo na noite de sábado, no campo artístico, aliando a música à palavra, à imagem e à performance. E um leonês de uma figa, agarrado à viola e à harmónica, num Woodstock transmontano, levando tudo atrás dele, como um furacão de boa disposição.

Domingo de manhã, já nas despedidas, a descoberta de uma curta-metragem maravilhosa, sobre uma espécie de borboleta em risco de extinção: a maculinha.
A descoberta do autor de um maravilhoso livro sobre as borboletas: Ernestino Maravalhas, protagonista principal do filme. A descoberta de um nome: Adenilo, a sua mulher. Que por sua vez descobriu um escritor: António Manuel Venda, ao ler o seu prefácio ao meu “A mulher que fazia recados às putas e mais contos perversos”.

Capítulo II: um castelo demasiado perto



Ponferrada. Léon. A 30 quilómetros da Galiza.
Uma cidade distante. Desconhecida.
Aproveitei a boleia de dois amigos que de lá vieram para participar em “Os Dias da Criação”.
E se o castelo de Ponferrada estava demasiado distante de Lisboa, ficou demasiado perto, a partir de Trás-os-Montes.
Porque demasiado perto estavam os laços que me uniam aos ponferradenses que me deram boleia.

Noite passada em Baiona. Uma cidade da Galiza onde nunca tinha estado, apesar de Vigo e Corunha me serem bastante familiares.
Um passeio pela noite de Baiona foi um bálsamo para uma alma ferida. O luar espelhado nas águas. O contornar das muralhas no “Parador Turístico”. Os monumentos evocativos da descoberta das Américas e da notícia em “primeira mão” ter chegado a Baiona. A estátua de Afonso IX a segurar o cavalo.



Um bar chamado “Cais” aberto 24 horas por dia, com o empregado a espalmar as “hamburguesas” com uma raiva profissional de torturador concentrado.
“A mão que embala o berço” dobrado em espanhol, na televisão do bar. Rebecca de Mornay. Quão distantes as memórias do seu corpo em “Risky Business”, visto à boleia de uma borla do “Se7e”, numa noite de temporal, no actual King (então Vox), acompanhado por um amigo que está hoje na Judiciária. Quantos anos passaram? Mais de vinte. Tom Cruise está necessariamente diferente.

Chegada a Ponferrada. O calor dos amigos a envolver-me. No restaurante “As Quadras”. No bar “Cococrilo Negro”. Em casa dos amigos.
A exaustão que não permite uma visita como deve ser aos corredores do Hotel Temple. As tapeçarias nas paredes. As armaduras no “lobby”. A transferência para um hotel novo: Rio Soles.
Ponferrada cheia. Por causa da inauguração de um novo centro comercial.



O cheiro dos Templários um pouco ao desvario pela cidade, pela sua história. O palmilhar do hotel até ao castelo. O rio Sil a piscar-me o olho. A máquina digital que resolveu adormecer, de bateria de lítio descarregada exactamente no momento em que ia tirar a primeira foto ao castelo.

A vingança satisfeita pela compra de um T-shirt, dos “recuerdos”, do livro de 24 euros, edição do Ayuntamiento. Dos guias de cinco euros, em versão espanhola e francesa.

Visita ao castelo a fugir das excursões. Um poema escrito nas Torres Albarranas. Um pequeno choque por ver que as latas de Heineken se misturam com as de Coca-cola num cemitério espontâneo. E as obras. Metade do castelo encerrado. A enorme satisfação de galgar os degraus da Torre de Menagem. Em castelhano, Torre de Homenage.
Sobem turistas. Descem turistas. Eu fico. Ao sol. A ver os telhados de Ponferrada. A estudar ângulos para fotos que ficaram por tirar. Como a da roupa na varanda em frente da Torre de Menagem. Uma pequena história com vista para a História.
Ainda e sempre a atracção pelas alturas.

Molina Seca. Após um belo almoço, passeio para descontrair. Com ponte romana (fechada para obras) em fundo.

Capítulo III: um beijo, ao de leve, nas Ilhas Cies

O adeus a Ponferrada, com muito de saudade.
Chamava por mim o Festival do Amor, em Beja. Não podia falhar.
A úlcera que começa a morder com fervor na viagem de regresso, no autobus da Alsa. Chegada a Vigo. Atestar o estômago às 11 da noite, com um bistec e patatillas. O Barcelona a ganhar por 4-1. As ruas quase desertas.


A úlcera ainda a morder. Andar ao acaso pela cidade, reencontrando Vigo, abandonada por mim há 12 anos.
Uma discoteca com jovens. Um táxi. Um impulso. Entro no táxi. Quero um clube de strip que me faça esquecer da úlcera. Quero um clube de strip porque sim. Não me apetece um clube de strip. Apetece-me ir para o quarto do Hotel Argentino, a 50 metros do Hotel Lisboa, que agora se chama Hotel Zenit Lisboa.
Mas a curiosidade morde quase tanto como a úlcera. Um chamamento deste blogue. O desejo de reportar.

O homem do táxi é muito afável. Mas já não vinha a Vigo há 14 anos. Andou pela vida. Agora anda por Vigo, atrás de um volante. Sabe lá onde é que existem clubes de strip. Perguntamos a um jovem italiano que fala espanhol. Acabo a falar italiano com ele.
Fiquei a saber que existe um clube atrás do El Corte Inglés. Há sempre alguma coisa atrás do El Corte Inglés. Há 12 anos descobri um bar com desenhos do Corto Maltese.
“Que Dios te bendiga, Luisito”, disse o homem do táxi, um amigo instantâneo, basta juntar água.
José Luís de seu nome. “Tengo un vazio muy grande, Luisito. Vivi mucho. Ahora estoy vazio, Luisito”.

A pé, de informação em informação, cheguei ao 33 da Calle Bolívia, ao lado de um clube com gimnástica aquática.
“Pigmalión”, show-girl, pasarela, sex-shop, peep-show, espectáculo en vivo….!!!
Abierto desde las 17:00h a las 05:00 de la madrugada.



É meia-noite, mais coisa menos coisa. Bebo uma água por cinco euros. Espreito as cabinas de vídeo. Vejo dois shows de strip que não passam do topless.
Há mais strippers que clientes.
A stripper fala, a meio do espectáculo, com a bartender. A bartender sai do balcão e atravessa o palco, passando por trás da cortina. Dá a volta e vem falar animadamente a um cliente que suponho habitué.
O palco é minúsculo. É um estrado por cima do bar.

Mais atrás estão os escaparates dos DVD. Depois existe a zona da sex-shop. E uma russa de seios volumosos, que fala um espanhol simpático. Peço-lhe um cartão do clube. Dá-me um molhinho. Chegado a Lisboa, conto-os. Deu-me 17 cartões plastificados.

Ainda pergunto se fazem Private Dance. Uma brasileira que conhecia Lisboa vem para trás da montra. Uma espreitadela à cadeira em frente da montra dissuade-me de me sentar. Troca rápida de informações, os meus pedidos de desculpa aceites em bom português.
Bato em retirada. Permanência no “Pigmalión”: talvez 30 minutos.

Feliz, contemplo a cama fofa do sexto andar do Hotel Argentino. Peço o despertar para as 10h30m. Acerto o meu despertador. Tomo duas “bombas” para dormir. Não quero mais aquele bichinho malandro a roer-me a úlcera. Não me sobram forças para ler os jornais espanhóis. Faço um molhinho com os jornais portugueses que se vinham acumulando. Finalmente, dou-me por vencido. Deixo-os em Espanha.

Acordo bastante melhor.

Meto-me num táxi. Puxo pelas memórias. Restaurante Rias Bajas. O táxi deu umas voltas diferentes. Acabo no “Rias Bajas 2”. A filosofia é a mesma. Almoço bastante cedo, para Espanha. Um linguado. Com duas águas de meio-litro. E uma dose de queijo com marmelada.

Desço até à marina. O dia está bonito. Persigo fotograficamente uma gaivota, algo incomodada com a minha perseguição. Fotografo um cachorrinho de mês e meio, que se chama Pepsi. Quando o chamo, em vez de olhar simplesmente, vem logo ter comigo. Acabo a pedir à menina para o segurar ao colo.



Depois, o espanto. Turistas para os barcos. Afinal, as Ilhas Cies ainda estão abertas. Mais uma semana.

As gaivotas das Ilhas Cies portam-se bem...

Fica-me a saudade a roer a úlcera. Não posso perder o autocarro das 16 horas. O comboio das 19h30m já é demasiado tarde. Estou todo estoirado. Não posso esticar mais a corda.
Subo um pouco pela cidade que conheço. Mas não tenho muito tempo para ir até ao Castro. Fico-me pela parte mais baixa.
Começo a descer para o centro de Vigo por uma rua que não utilizava há 12 anos, nos meus passeios.
Na parede de um bairro antigo o nome da rua chama-me a atenção: Rua do Prazer.



“Belo nome para uma rua de putas”, penso e sorrio interiormente.
Dez segundos depois dou com uma puta sentada ao sol das 14 horas.

Desço.
Ouço uma voz de uma espanhola bastante morena, de olhar simpático, que me segue.
“Olá, mi amor”.
É óbvio que não sou o seu amor, mas a sua voz trata-me como se fosse. Explico-lhe que tenho um autobus para o Porto, não há tempo para o amor.
“Dá-me um euro”.
Dou-lhe dois euros.
“Desejo-te o dobro daquilo que me desejas”.
E passo-lhe para a mão um cartão com os meus blogues. Explico que o amor me aguarda no Festival do Amor.
Entrou num bar muito velho, entusiasmada:
“Eh! Conheci um poeta português”.

Continuo muito assediado.
Três miúdas novas, bonitas, estão sentadas na soleira da porta. Os bares de putas têm nomes como “Trebol” ou “Nido”.
Explico outra vez que vou a caminho do Festival do Amor e dou-lhes mais um cartão com os blogues. Uma delas tem dúvidas.
“Somos putas!”
“Já tinha percebido. Podes ver os Salões Eróticos de Lisboa aí nesse blogue. E escrevo-te o site do Festival do Amor”.
“Onde é Lisboa?” — pergunta outra.
“Não sabes que Lisboa é Portugal?” — responde a primeira.

“Dá-me a tua caneta”.
“Não posso. Pode aparecer-me um poema de repente”.
“Dás-me essa caneta e eu dou-te outra”.
“Não posso. Foi-me dada de presente de aniversário pelo meu amigo Rui”.
“Olha lá, se entrarmos no teu blogue estamos a tirar-te clientes”.
“Ainda bem para ti”.

Continuo a descer. Descubro, nem dois minutos mais tarde, uma sex-shop: Pikante. Bom aspecto. Compro uns filmes (um deles com a vida de John Holmes, em documentário), dou um cartão com os blogues e deixam-me tirar fotos, desde que não apanhe nenhum cliente.





Capítulo IV: Nuas no castelo de Beja




Sexta-feira. Os dois trolleys verdes (baptizados por uma madrinha cubana de Patanisquinha Dustin e Bixona Dustin) estão carregados de livros. O Rui Unas faz sinais de luzes.
Mandamos os trolleys para dentro do banco de trás, mas vimo-nos aflitos, há por ali muito peso literário.

Telefono ao Cocas, director do Festival do Amor, para o descansar. Estamos a caminho.

Chegados a Beja, conhecemos o Cocas pessoalmente. Vamos comer uns petiscos a correr, para a Galeria do Desassossego. Apresentam-nos o João Cataluna (Trigo Limpo, Adiafa), o acordeonista que vai fazer a dobra ao pianista, impossibilitado de comparecer no palco do Pax Julia.
Conheço uma brasileira toda gira, a Fabiana, assessora de Imprensa.



Rápida experiência de som no Pax Julia e colocam-me um head-phone. Sinto-me um bocado charolês. Raspo com os pés no chão dos bastidores.

A seguir ao nosso espectáculo vão entrar os “La Vie en Rose”, que conheço do Festival de BD da Amadora. Ando a deslizar em tronco nu entre os camarins e a boca de cena. Dou uns livros à Silvie, a vocalista.
Faço questão de declamar com a T-shirt preta que comprei no Castelo de Ponferrada. Uso umas calças pretas e sapatos pretos.
Não estou nervoso.
Gosto daquele stresse teatral.
Confio em mim. Confio no Unas.
Rui Unas mete-se na fotografia e quase tapa o "acordeonista de emergência", João Cataluna, grande "malha"


A função corre bem. Os duelos poéticos cativaram a assistência. Vamos sair.
Os “La vie en rose” vão entrar. Cruzo-me com os músicos.
“Quero um livro autografado para Carlos Lopes”, diz um.
Teve-o.

Levo o Unas ao carro. O Cocas não sabe onde deixou a carteira. Despeço-me do Unas, agradeço-lhe a camaradagem. O Unas tem raízes alentejanas e gosta da região.
Volto ao Pax Julia. Primeira estação: perco o Cocas pela primeira vez.

Já quase não há ninguém no teatro. Agarro nos trolleys (ainda bastante pesados) e resolvo ir até à Praça da República.
Tiro e queda. Está lá o secretariado. Um jovem simpático vem ter comigo. Bernardo de seu nome. Vem a puxar o meu trolley esforçadamente, até à residencial Santa Bárbara.

Deixo as bagagens na residencial e regresso com o Bernardo. Entramos no castelo. A Fabiana e as amigas estão cá fora. “É aquele que estava no restaurante”. Pois sou. Havia o Rui Unas. E aquele que estava no restaurante.

Entro no castelo com o Bernardo. Conheço outros jovens da “Cocas Produções”, entre os quais o “Trombinhas”, que participa numa banda.



Vai haver strip-tease. Um gajo que viu o meu espectáculo vem felicitar-me. Não há nada como ser ordinário para conquistar as populações.
Não quero beber nada. A úlcera já levou muita porrada na semana anterior.

Passados uns 30 minutos as strippers sobem ao palco no castelo. Não tenho nada a ver com o assunto. Chego-me à frente e fotografo as primeiras gajas nuas com a minha máquina digital. Ocasião histórica.
Está frio. Elas aguentam-se uns 15 minutos, a fazer uma “lap dance” a um jovem que levaram para cima do palco. De tempos a tempos, o DJ tira o som de fundo, para que o público se faça ouvir.





No dia seguinte, almoço com a malta da Companhia de Teatro do Chiado, no “Castelo à vista”. Bacalhau à Zé do Pipo.
À noite vou ver “As vampiras lésbicas de Sodoma”, ao Pax Julia. Desta vez fico na plateia. O palco fica por conta da Companhia de Teatro do Chiado.
Antes disso, porém, leio três crónicas do livro “Se não comprarem, mato-me”, do António Manuel Revez, um filho da terra.



Aconselho vivamente. Fui capturado pelo Cocas, à última da hora, para “fazer a dobra” ao Alvim, autor do prefácio sem ler o livro. Diz ele. No domingo almoço com ele e a Companhia de Teatro do Chiado.
Falo-lhe no espectáculo do Teatro Bocage. O Alvim diz que não vai falhar.







Domingo de manhã está de chuva. O Cocas está como o tempo: às vezes há abertas e sabe-se onde ele está. Corre de um lado para o outro.
“Bolas, já tenho oito mensagens”.
Carlos Pedro (Lupinand) oferece-me livros. Retribuo.



A única sex shop presente na Praça da República: Reino da Fantasia (Caldas da Rainha: www.reinodafantasia.com). Pelos vistos, ovelhinhas insufláveis são o novo ex-libris das Caldas...

À tarde, ouço o meu amigo Paulo Barriga a apresentar os contos do Fialho de Almeida. Ainda vejo uma sessão na sala-estúdio do Pax Julia, com os resultados de um workshop sobre erotismo na escrita.
A conversa continua com o Barriga na Galeria do Desassossego. Continuo a carregar um trolley, que atrapalha toda a gente, a meio do caminho. Não, isto foi no sábado à noite...

Domingo à noite janto com a malta toda da “Cocas Produções” no restaurante “Tem avoendo”. Quer dizer: “Já basta”. Ou “tem calma”. O alentejano é uma língua muito rica.

Na segunda de manhã ainda levo com mais um bocado de chuva alentejana. Venho de comboio para Lisboa.
Na terça, chego a mais uma sessão da Tertúlia de Banda Desenhada de Lisboa, fundada pelo Geraldes Lino.
É a primeira terça-feira do mês.
Penso que posso dar por encerrada a digressão cultural do Dick Hard.
O que acham?

Tertúlia Banda Desenhada de Lisboa: em pé, da esquerda para a direita, Carlos Moreno, José Ruy e Geraldes Lino. Sentado, à esquerda de Lino, José Padiña a representar o seu pai, o homenageado.


Dick Hard no Teatro Bocage

A PÉROLA DE ELCHE


















Nasceu em Elche, no ano em que Nelson Piquet foi campeão de Fórmula 1 pela primeira vez (1981).
Senhoras e senhores, após uma ausência que despertou saudades nos fãs do Ganda Ordinarice, Produções Dick Hard têm o prazer de apresentar... MISS SOOOONNNNIIIIA BAAAAABBBYYYY!

Ao vivo e a cores! Pela objectiva do nosso amigo JOÃO SALEMA/REPÓRTER DIGITAL, que esteve na “Catedral” do FICEB 2007 (Salão de Barcelona), entre 3 e 7 de Outubro, de máquinas em riste e muito amor à camisola.

O Ganda Ordinarice não é espaço electrónico para dar pérolas a porcos, por isso aqui têm as pérolas que valem a pena, as pérolas de Sonia Baby, seus suinozinhos meiguinhos, seus porquinhos amestrados...

Sim, eu sei, há pessoas que acusam alguns anti-corpos quando se trata de olhar de frente para a menina que tira corpos estranhos do seu corpo sensual. Há quem se choque com a acrobata vaginal que encantou Lisboa e pôs o Tejo a cantar ópera.

Eu não. Como diria a nossa amiga Gina, stripper açoriana de créditos firmados: “Népias!”.

Tomem lá Sonia Baby, pronta a bater recordes atrás de recordes. Com Sonia Baby, todas as pérolas têm um lugar no útero maternal. Não há discriminações. E se tudo o que sobe tem de descer, tudo o que entra tem de sair. Ah! pois!

Sonia Baby é uma querida amiga. Sonia Baby sabe o que faz. Porque isto não é só açambarcar. Sonia Baby não faz parte da fábula da cigarra e da formiga. Não se trata de amealhar para o Inverno. Nada disso. Com Sonia Baby, é entrada por saída.
Por isso mesmo é que Sonia Baby tem saída comigo.

Talvez um dia eu consiga contracenar com Sonia Baby em cima de um palco. Para já, no Teatro Bocage, às quintas-feiras à noite, em Novembro, vou contentar-me com uma stripper da Estónia, que vai tirar lá de dentro o melhor de si...


Dick Hard no Teatro Bocage