A GLORIOSA AVENTURA DO CAMISOLA AMARELA
A cena passou-se no último dia do Festival, domingo. O protagonista principal chama-se António e é um homem com um ar extremamente sossegado.
Sempre atento aos espectáculos da Sonia Baby (sou totalista, vi os oito), rondei o palco IFG qual tubarão, durante os quatro dias do SIEL. Tal como D.Nuno Álvares Pereira, a IFG usava a táctica do quadrado, mas desta vez em benefício de “nuestros hermanos”.
Dentro do quadrado rodeado de fitas vermelhas só entravam os convidados, os protagonistas e a Comunicação Social. Altaneiro, como torre de menagem, o palco vermelho, com os cinco ou seis degraus que levavam à fama. O trono sexual por excelência.
Lá para o meio da tarde, vejo muito bem sentado à frente de uma das mesas um senhor com um aspecto pouco vulgar. Um olhar distante, como se não esperasse nada. O meu olhar também já era mais mortiço que outra coisa, depois de uma “directa” a escrever para este blogue. Um vosso criado!
Por acaso, estou a escrever outra vez com uma “directa”. Por motivos de apoio familiar que me obrigaram a levantar de manhã. A situação é tão estranha para mim que andei a dar “Boa tarde” aos vizinhos às dez da manhã.
Adiante. Que o António se fartou de esperar e já é tempo de entrar em cena.
Mas quem é o António? Um ser humano como tantos outros, com o sonho de subir ao palco do Salão Erótico. Para cumprir esse sonho, esperou o tempo que foi preciso.
E lá entrou em cena com a Dúnia Montenegro, o vulcão carioca de sorriso deslumbrante e que se entrega às cenas de sexo com uma generosidade impressionante.
E se o Barcelona não conseguiu meter o golo do campeonato espanhol, a camisola amarela do equipamento secundário dos catalães que António vestia poderá ter absorvido esse estigma.
António por trás de Dúnia. Momento alto do show.
Quando Dúnia se pôs de gatas (de quatro, como se diz no Brasil) e convidou António a penetrá-la com o dildo de cintura (o strap-on), o bom do António não percebeu as instruções do Mister e em vez de penetrar pela zona central do terreno de jogo resolveu dar uma de jockey e sentou-se em cima da Dúnia Montenegro, com um ar muito normal. O “speaker” Roberto Chivas não resistiu e atirou-se para o chão a rir. À minha frente, Dúnia também não resistia, esforçando-se por prosseguir o espectáculo.
António recoloca a sua fita de karateca na cabeça.
A piada toda era essa. António mantinha o facies imperturbável, qual Buster Keaton em “Pamplinas Maquinista”. E as dificuldades técnicas lá iam dificultando um bocadito a coreografia sexual. Dúnia de costas no solo, pernas no ar, “’bora lá, António, mete”. E o António, cheio de boa vontade, lá se esforçava. Mas havia sempre qualquer coisa que entravava o processo do normal relacionamento bilateral entre as duas nações.
Tempo de vestir o calção preto da Nike.
O espectáculo cumpriu-se. O povo aplaudiu António. Porque um camisola amarela, com uma fita à Karate Kid, sandálias à alemão radicado num monte alentejano, merece todo o apoio do povo, mesmo que um dia mau o tenha feito descolar do pelotão. António foi, é e será sempre o camisola amarela. Cumpriu o seu sonho. Teve os seus 15 minutos de glória.
Salvé, António! Saravá!
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